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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O PENSAMENTO MODERNO E A IDÉIA DE MODERNIDADE

 Não tenho como objetivo tratar neste estudo minuciosamente sobre toda a história da época moderna enumerando datas, citando nomes e lugares, senão que em síntese retratar somente sobre alguns pontos, sejam eles; o que se entende pelos termos modernidade, humanismo, reforma protestante, e por fim revolução científica.
  
Pode-se bem compreender que o conceito de modernidade está realmente relacionado para nós àquilo que se refere à ideia de "novo", é dizer, àquilo que rompe com a tradição. Trata-se, portanto, de um conceito associado quase sempre a um sentido positivo, por assim dizer, de mudança, transformação e progresso.

Contudo, não é de nos esquecermos dos progressos e/ou feitos a priori em diferentes épocas, sob a qual impulsiona e dá base ao modernismo em suas descobertas, bem como, as grandes transformações no mundo europeu dos séculos XV-XVI como a descoberta do novo mundo (Américas); surgimento de importantes núcleos urbanos em algumas regiões, principalmente na Itália (Florença); desenvolvimento de atividade econômica, sobretudo mercantil e industrial, segundo nos diz o professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e presidente da North American Association for the History of the Languages Sciences (2010), Danilo Marcondes de Souza Filho.

Vale trazer à liça a questão do humanismo, sobre o qual é de suma importância comentar nesta etapa da história, a já citada "idade moderna”, isto é, a ideia de modernidade. Poder-se-á afirmar que o humanismo é a filosofia moral que coloca os humanos como primordiais, numa escala de importância. Igualmente entendida como uma perspectiva comum a uma grande variedade de posturas éticas que atribuem a maior importância à dignidade, aspirações e capacidades humanas, particularmente a racionalidade. Numa palavra, o humanismo eleva o ser humano, pão no homem a capacidade de realizar todas as coisas, sendo, a rigor, o senhor delas.

Embora a palavra possa apresentar diversos sentidos, o significado filosófico essencial destaca-se por contraposição ao apelo ao sobrenatural ou a uma autoridade superior. Desde o século XVIII-XIX, o humanismo tem sido associado ao anticlericalismo herdado dos filósofos iluministas do século XVIII.

Disto, por bem dizer, lembrar-nos-emos, a priori da ideia humanista renascentista que fora difundida sobre muitos aspectos no contexto do pensamento moderno, segundo suas influências e, implicações, bem como sua contribuição para com a seguinte época.

Sem, contudo, nos esquecermos da questão do antropocentrismo, que era a ideia de o homem ser o centro do pensamento filosófico, ao contrário do teocentrismo na qual a ideia de Deus está enraizada, no centro do pensamento filosófico. Ouso ainda dizer que, o antropocentrismo de forma direta ou indireta, como bem quiser entender surgiu a partir do renascimento cultural. Para melhor entendermos esta questão, vale ressaltar em síntese que o humanismo rompe assim com a visão teocêntrica e com a concepção filosófica co-teológica medieval, valorizando o interesse pelo homem considerado em si mesmo; por outro lado, significa também uma ruptura com a importância dada as ciências naturais após a redescoberta de Aristóteles ao final do século XII.

Ademais, deixar de retratar não poderia neste estudo sobre a reforma protestante, a qual teve por assim relatar, alicerçadas suas bases na época moderna, a lembrar. Na noite do dia 31 de outubro de 1517, precisamente em Wittenberg, Alemanha, Martinho Lutero nascido em 1483 e falecido em 1546, fixou as suas “noventa e Cinco Teses” em oposição às indulgências. Disto, deu origem a um dos maiores movimentos de volta à Bíblia, da história da igreja, denominado “Reforma Protestante” e que compreende o período entre os anos de 1517 a 1648.

A reforma protestante foi um movimento reformista cristão iniciado no século XVI, como já dito, por Martinho Lutero, que protestou contra diversos pontos da doutrina da igreja católica, propondo uma reforma no catolicismo. Os princípios fundamentais da reforma protestante são conhecidos como os Cinco Solas. Os cincos solas são princípios fundamentais da reforma protestante, sendo; Sola-fides (somente a fé); Sola-scriptura (somente a escritura); Solus- Christus (somente Cristo); Sola-gratia (somente a graça); e, Sola-Deo-gloria (glória somente a Deus).

É primordial para entendermos este contexto da reforma protestante, tendo em vista que Lutero foi apoiado por vários religiosos e governantes, sobretudo europeus e não somente sozinho, provocando uma revolução religiosa, iniciada na Alemanha, e estendendo-se pela Suíça, França, Reinos Unido, Escandinávia e algumas partes do Leste Europeu, principalmente os Países Bálticos e a Hungria.

As heranças deixadas pela reforma protestante estão no direito de cada crente ler e interpretar a Sagrada Escritura e na busca pelas formas e padrões bíblicos, principalmente na tradição reformada suíça liderada por Ulrich Zwínglio (1484-1531) em Zurique e João Calvino (1509-1564) em Genebra.

Com base no que se refere à revolução cientifica, poder não iria deixar de comentar sobre esta demasiada questão, que fora muito difundida/discutida mediante a época moderna, a qual teve seu ponto de partida como se pode ler no livro (A iniciação da História da filosofia, de Danilo Marcondes. p. 149-54). E, pode-se considerar segundo o professor Marcondes, já citado, que verdadeiramente o interesse pelas ciências naturais se inicia com a reintrodução na Europa ocidental, a partir do final do século XII, da obra de Aristóteles e de seus intérpretes árabes.

Embora a revolução científica moderna inspire-se muito no pensamento filosófico do filósofo Platão, sobretudo pela valorização da matemática na explicação do cosmo, e nos pitagóricos, que já teriam antecipado o modelo heliocêntrico por Copérnico, contudo, sendo o filósofo Aristóteles o responsável pela ênfase na pesquisa experimental e na importância da investigação da natureza.

Iniciando com Nicolau de Cusa e entre Copérnico e Newton surgem diversas individualidades que tentaram introduzir novos conceitos contrários ao saber tradicional, dentre tais se destacaram Kepler, Tycho Brache, Giordanno Bruno e Galileu, este último como sendo o primeiro grande teórico da nova ciência, defensor da teoria copernicana, sendo também o primeiro a organizar as leis do movimento de um matemático, introduzindo o conceito de relatividade, a saber.

A revolução só verá seu fim em 1687, quando Isaac Newton publicar a obra Philosophiae Naturalis Principia Mathematica. Esta obra é uma espécie de resumo e conclusão do pensamento de Copérnico a Newton. Assim, se tornou no seu tempo um modelo de ciência e do conhecimento, sendo considerada uma descrição do universo verdadeiro, que apenas começa a ser refutada a partir do século XIX, até, finalmente a chegada de Einstein.

Por fim, a época moderna se, se apresenta carregada de ambiguidades, ao mesmo tempo em que oferece segurança oferece também perigo, seja em suas descobertas, posições e colocações, a rigor, imposições. O pensamento moderno talvez seja mais fácil de ser compreendido pelo fato de estarmos mais próximo dele do que do antigo e do medieval, e por sermos ainda hoje, de certo modo, herdeiros dessa tradição. Por outro lado, às vezes é mais difícil tomarmos consciência, de fato e, explicitarmos as características mais fundamentais daquilo que nos é mais familiar, exatamente porque nos acostumamos à aceita-lo como tal. A etimologia de moderno parece ser o adverbio latino “modo”, que significa “agora mesmo”, “neste instante”, “no momento”, portanto designando o que nos é contemporâneo, e é este o sentido que moderno capta, opondo-se ao que é anterior, e traçando, por assim dizer, uma linha, ou divisão entre dois períodos.