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segunda-feira, 12 de julho de 2010

PLATÃO "A REPÚBLICA"

          Platão (428/427-347.a.c.) é o fundador da metafísica Ocidental. Nasceu em Atenas, seu verdadeiro nome era ARISTÓCLES. Platão é apelido que derivou como referem alguns, de seu vigor físico e da amplitude de seu estilo. Foi inicialmente discípulo de Crátilo, seguidor de Heráclito. Posteriormente foi discípulo de Sócrates. O encontro de Platão com Sócrates se deu provavelmente quando completava aproximadamente vinte anos.

          O filosofo Platão, na obra A República leciona que a realidade humana é a composição do domínio das coisas sensíveis e do domínio das idéias. Para ele, a humanidade, ou grande parte da humanidade, vive na infelicidade da ignorância, de forma fantasiosa, ilusória, própria das coisas sensíveis, mutáveis. Esta é a realidade desnecessária, individualista, e, por isso, não é objeto de conhecimento.

         Também o mundo das idéias, percebido pela razão, está acima do sensível (dominado pela subjetividade) que só existe na medida em que participa do mundo da sensibilidade, sendo apenas sombras deste. No entanto, mais tarde seria criticado por Aristóteles que diria que ele não havia questionado o que é participar.

          Em A República Platão mostra o que, para ele, não é justo. Pretende, com esta filosofia, fazer o leitor compreender que tanto não é justo dar a cada um o que lhe é devido, ao amigo o que não lhe é adequado e da mesma forma prejudicar o inimigo ou mesmo salientar apenas o interesse do mais forte. Assim, para mostrar a importância do pensamento coletivo o autor mostra que há elementos que regem o individuo em meio a uma coletividade não dispersa, mas conjugada em normas ou Leis que visam o bem comum e a ordem social.

          Com o propósito de levar à reflexão, ele diz que, pelo fato de o homem não ser auto-suficiente, ele precisa manter uma relação de reciprocidade e, no caso do Estado justo, ao ser humano impõe-se a plena responsabilidade pela justiça, onde os homens justos vivem em confiança recíproca e eles são reciprocamente dependentes. Agindo desta forma, não há oposição entre indivíduos e Estado, eles se completam e devem auxilio mútuos, pois tudo gravita em torno da justiça que, inclusive responde pela ordem social e da alma.

          Desta forma, a justiça diz respeito à própria vida da alma. Vê-se, então, que o que pretende Platão é conhecer e formar o Estado perfeito para poder conhecer e formar o homem perfeito. Mostra-o nesta obra a forma de governo da polis que é formada por várias composições como algumas constituições que buscam atender o interesse coletivo. As idéias desenvolvidas no livro encontram-se fundamentadas no pensamento socrático de que pelo fato do homem não ser auto-suficiente, ele precisa manter uma relação de reciprocidade com o Estado justo.

          Para Sócrates ao ser humano impõe-se a plena responsabilidade pela justiça, pois os homens justos vivem em confiança recíproca e eles são reciprocamente dependentes. Desta forma, não há combate entre indivíduos e Estado, eles se completam e devem auxilio mútuo. E ai tudo gira em torno da justiça.

          Dessa forma, ao utilizar o mito da caverna como exemplificação o filósofo Platão mostra que a pessoa ao sair da “caverna” da própria vida, se libertará da escravidão de seus sentidos, da obscuridade do mundo da matéria e se tornará novo, à espreita da verdade e à espera de viver de forma desprendida do seu circulo. São recíprocos os elementos que levam o governo à reflexão do que na polis há necessidade de um governante que despoja de si em prol do bem comum. Sendo assim, o governo trata de uma só espécie de constituição, embora tendo vários governantes em diversas áreas, que em nada abalarão as Leis fundamentais da cidade.

          Finalmente, A República, livro que se direciona a todos que pretendem desvendar os próprios mistérios, leva à compreensão da verdade acerca do descobrimento da idéia do bem coletivo.

                                 
                                                             Referência  Bibliográfica

ARISTÓCLES, Platão. A República Trad. J.GUINSBURG. Difusão Européia do livro, São Paulo e Editions Garnier Frères, Paris.Editora Vozes 1973.

A CONSTITUIÇÃO DO HOMEM ENQUANTO SUJEITO.

          O presente artigo traz como objetivo apresentar algumas características e a importância do processo de formação sobre a constituição do homem enquanto sujeito numa visão filosófica referente aos filósofos Platão, Agostinho, e, René Descartes.

          Fulminada pelo castigo, que a sua falta lhe atraiu, a alma tomba das alturas e passa a habitar um corpo ao qual se liga por uma união meramente acidental. Esta alma tem a semelhança com o que é divino, imortal, uniforme etc.

          A alma é o princípio vivificador do homem, e unido ao corpo formam uma nova substancia (o individuo), para animá-lo e vivificá-lo. Desta união, a natureza corporal se funde por intermédio da natureza da alma com a natureza suprema divina. Esta substância (alma) única confere ao corpo a vida, a beleza tanto interior quanto exterior e toda a sua organização. A alma está toda inteira ao corpo e, toda inteira em cada uma de suas partes, totalmente presente em cada uma das partes do corpo, a alma pode fazer valer em todas elas a totalidade de sua força. Torna-se a alma o elo entre as idéias divinas e o corpo.

          A alma, graças à sua natureza espiritual, ela se abre para aquelas idéias espirituais. Já o corpo, devido à sua extensão espacial é incapaz de uma participação direta nas idéias, estando submetido ao domínio e governo da alma, ou seja, depois que o corpo e a alma se fundirem no mesmo ser, ao corpo cumpre por natureza sujeitar-se e ser governado, e a alma dirigir e dominar(Fedron,79 e 80a). Entretanto, a alma está sujeita às necessidades do corpo, este opõe mil obstáculos, pela necessidade que temos, além disso, o corpo suscita em nós amores, cobiças, receios, imaginações de toda a sorte e tolices inúmeras.

          A psicanálise lacaniana pauta em seu curso a constituição do sujeito e os seus fracassos no processo de socialização. Portanto, recorreremos a Justo (2004) doutor em psicologia, para apresentar este contexto Justo faz uma correlação entre a psicanálise lacaniana desde suas origens à contextualização da cultura e da educação do sujeito. E, posteriores, ele apresenta quatro tópicos que explicam o surgimento do sujeito:

         O primeiro versa sobre as constituições do “EU” na interação com o outro.

        O segundo trata sobre heranças culturais que herdamos dos genitores. O terceiro apresenta um conceito sobre as fundações referenciais da gênese do sujeito. O quarto conclui a agregação dos conceitos tratados previamente à educação, no intuito de apresentar uma metodologia adequada para o professor como mediador do nascimento da autonomia na pessoa (FERREIRA, Adeir).

          Da união entre alma e corpo, surge o homem (sujeito), este se entronizará as implicações sociais, econômicas, filosóficas, políticas, biológicas, culturais e escolares. Conquanto, a relação interpessoal é a dimensão que mais lhe propiciará maior desenvolvimento na do seu ser, isto é, possibilitará demasiado entendimento de ser realmente o que é.

          A estrutura de formação da criança enquanto sujeito a partir da teoria de Lacan, mostra que as heranças hereditárias funcionam com matriz de comportamento na sociedade e, sobretudo na escola. No que se refere ao fracasso do sujeito,pode-se afirmar que, o problema do fracasso tem sua raiz nas relações primárias (familiares), ainda neste estágio o sujeito se encontra em meio à formação de sua personalidade, estando em contato direto com idéias e juízes alheios, em que muitas vezes acabam adotando para si, e conseqüentemente ocultando os próprios. Porém, nesta fase é mister que haja um equilíbrio em relação às influências.

          Contudo, para realizar sua vivência, o sujeito precisa do outro como uma espécie de bula para lhe passar culturalmente os hábitos necessários, pois ele não herda biologicamente toda estrutura da vida, por isso o sujeito é criativo, porque nada está pronto. Somente mais tarde, começará por se autoquestionar, e, em meio a tantos, se sente refutado, confuso e passará por crises, indignações, desconhecimento do self, dúvidas etc.

          Encontrando uma solução somente a partir da razão. O sujeito é livre, em decorrência da razão e do pensar, a condição do conhecer carece de provas inferenciais ou concretas, a experiência e a observação poderão dar a cartada final, quando se há uma dupla verdade, mas é apenas um auxilio da razão. Na qual a substancia pensante é a própria estrutura abstrata do cogito (razão) com as incertezas, as certezas e o dualismo. E a substância extensa é o seu próprio corpo com suas leis próprias, os sentidos, a estrutura biológica etc.

           Chegado à fase adulta, o sujeito deve ser consciente de sua ampla e dicotomia estrutura para obter maior êxito em suas relações de conhecimento. Diferenciado entre a contemplação e as exigências cotidianas da vida, o sujeito, para a verdade exige a evidencia e a distinção que se, alcançadas, nos dão o juízo.

           Se, se for verdade que é preciso pensar segunda a verdade e viver segundo a razão, para o sujeito é mais triste perder a razão do que a vida, já que neste caso se perderia a razão da vida. Assim o eixo da reflexão e da ação se desloca do ser para o pensamento, de Deus e do mundo para o homem, da revelação para a razão. Reconhecer-se-á o homem, que o erro é um produto seu, e a idéia não é Deus, mas, o efeito de uma causa proporcional, pois Deus é quem coloca a idéia dentro do ser (do homem).

          Em relação ao sujeito, pressupõe-se que a morte seja o resultado das decadentes relações interpessoais, da qual mau êxito (fracasso) é apenas uma evidência. Adestarte, dir-se-á que a alma é o que anima o corpo, lhe comunica a vida e o movimento. A alma é o que tem mais semelhança com o que é divino e mais se parece ao que mantêm sempre de igual modo a sua identidade. Logo, a alma deve separar-se do corpo para alcançar a verdade, ou seja, por mais alto que sejam os direitos da alma sobre o corpo, ela não pode designar-se a viver com ele, são incalculáveis os danos que sofre dos atrativos e concupiscência da matéria.

          Enquanto possuirmos o corpo e a alma estiver mergulhado nesta corrupção, impossível nos é alcançar o que desejamos, isto é, a verdade. Ora, essa verdade (conhecimento) é alcançada não por meio dos sentidos, antes se afastando deles. O espírito possui, portanto uma vida própria que se desenvolve sozinha, independente do corpo. Ao cumprir sua busca a alma lança-se em direção àquilo que é puro, eterno, imortal e sempre igual a si mesmo, e sentindo a própria afinidade a isso, ali permanece por todo tempo que lhe for permitido, encontrando paz no seu vaguear. E posta em contato com tal realidade permanece ela mesma constante e imutável (Fédon 27).

          Enquanto espírito, a alma é feita para a idéia, dela se alimenta e por ela vive a vida do espírito. Mas a idéia é eterna, imutável. Conseqüentemente, a alma, que é afim a ela mesma e vive dela, é também eterna e imutável. Com efeito, se o que se encontra num sujeito é eternamente duradouro, é lícito que este seja da mesma forma eternamente duradouro. Mas, visto que, cada ciência reside sempre num sujeito, é preciso que a alma dure para sempre. Dado que a ciência é verdade, e a verdade dura para sempre, a alma também dura para sempre, nem se poder nunca dizer que ela morre (Agostinho, Solilóquios II,13).

EDUCAÇÃO E ESCOLA

          O presente texto pretende mostrar quão fundamental são as instituições sociais na vida do ser humano. Nas quais se destacam A Educação e a Escola, como fatores primordiais para a formação da personalidade do homem, isto é, a educação é um processo progressivo, em que o indivíduo vai se educando, ao organizar suas experiências e tendo condições de perceber e interpretar os estímulos externos atuantes à sua volta. Devido ao próprio fato de que diversas tendências pedagógicas são abordadas nas escolas na época presente, há certa diversidade em apresentação, bem como na transliteração de alguns termos comuns. Para algo mais, chamo à atenção.

          Neste texto procurei cercar minha reflexão dos maiores cuidados, não apenas para que fosse verdadeiro, mas também para que não se apresentasse de forma incômoda e árida ao jugo dos homens, atualmente tão atulhados de múltiplas formas de fantasia. O enfoque à tendência pedagógica aqui retratada não é referente à outra já existente na sociedade, é antes uma reflexão ao modo de como se pode aprimorar uma forma pedagógica na prática do ensino escolar. Assim não opto por nenhuma das tendências pedagógicas, contudo aprecio o valor de cada uma, e me oriento a partir do pressuposto problema apresentado na forma de ensino.

          A escola deve ter um regulamento com normas fixas, direcionadas aos alunos, como horário de estudo, horário de refeição, freqüência obrigatória às aulas, avaliação de aproveitamento.

          O ser humano é “um ser de necessidade” desde o seu nascimento. Muito mais do que os outros animais, que encontram em si mesmos ou na natureza os recursos para sobreviverem. Ele difere do animal à medida que necessita de outros seres humanos para conseguir o objeto de suas necessidades. O homem sempre viveu em grupos, inicialmente na família, que pode ser natural ou adotiva, e posteriormente sentiu necessidade de ampliar as suas relações, surgindo assim outros grupos sociais, como a escola, a igreja, o estado.

          O primeiro grupo social a que um indivíduo pertence é a família. Aristóteles dizia ser a família uma comunidade de todos os dias, “com a incumbência de atender às necessidades primárias e permanentes do lar”, e Cícero definiu família como “princípio da cidade e origem ou semente do Estado”.

          A nossa sociedade é formada por famílias monogâmicas. No Brasil, a Lei só permite um novo casamento após o termino do casamento anterior. A família tem papel importante na formação cultural, ética, social e religiosa do ser humano.

          Sendo a igreja uma instituição religiosa, apresenta características básicas que são comuns a todas as religiões. A religião é um fato social e sempre esteve presente na história da humanidade. Seu objetivo principal é a promoção dos valores espirituais.

          Educação é o processo social pelo qual o indivíduo aprende as coisas necessárias para se ajustar aos grupos e a sociedade em que vive e por objetivo transmitir o seu patrimônio cultural. A criança aprende as regras de comportamento e assimila conceitos por imitação dos adultos que fazem parte do grupo em que nasceu, pois ao nascer é um ser social e a educação a torna um ser social. Durante sua vida o indivíduo vai se educando, ao organizar suas experiências e tendo condições de perceber e interpretar os estímulos externos à sua volta.

          A escola serve a sociedade ajudando-a a socializar os indivíduos, para que eles absorvam valores, crenças e normas da sociedade. Desempenha algumas funções especificas: dar ao aluno instrumentos que o habilitem a aprender; transmitir conhecimentos acumulados, de geração para geração; ser selecionadora social, pois os alunos com melhores aptidões, e conseqüentemente melhores aproveitamento, é que irão satisfazer os requisitos da escolaridade, e assim muitos dos que não conseguirem irão gradativamente perdendo o interesse, gerando desistências.

          Para que a escola possa atingir a sua meta, precisa ter profissionais especializados para transmitir os conteúdos programados de acordo com os programas do ensino. Pois as matérias de estudo devem visar à preparação do aluno para a vida. Cabem aos docentes utilizarem métodos, técnicas e materiais que facilitem a aprendizagem do discente.

          Em tese, o aluno analisando e interpretando a realidade que o cerca, em conjunto com seus professores e colegas, seguramente terá uma formação com espírito crítico e conseguirá uma inserção consciente na sociedade.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

RESPOSTA À PERGUNTA : QUE É “ESCLARECIMENTO”? (AUFKLÄRUNG)

       Este artigo tem como objetivo apresentar em síntese algumas características sobre o que se entende por Aufklärung, e o que diz um dos pensadores mais influêntes dos que se destacaram na época moderna,  sendo este, o filosofo Immanuel Kant ou Emanuel Kant que nasceu em Königsberg, cidade da Prússia a 22 de Abril de 1724 e viera a falecer na mesma cidade Königsberg, no dia  12 de Fevereiro de 1804, foi ele um filósofo alemão, geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna, e indiscutivelmente um dos seus pensadores mais influentes.
   
     Foi Kant quem realizou na filosofia uma revolução, que ele próprio equiparou, em virtude de sua radicalidade, à revolução realizada por Copérnico na astronomia. Considerado um dos principais pensadores iluministas, desenvolveu alguns conceitos de razão, liberdade, disciplina e autonomia do indivíduo. O Iluminismo propõe uma nova forma de apreensão da realidade, a partir da razão e autonomia do indivíduo.
     
      No tocante ao seu texto clássico, Resposta à pergunta: “Que é Esclarecimento”? (Aufklärung). Inicia por definir o que é a Menoridade, diz ele: “é a incapacidade do homem em fazer uso do seu entendimento sem a direção de outro indivíduo”. O homem é culpado de estar neste estado de menoridade, escolhe ficar sob a tutela de outros por covardia e preguiça.
    
      Esclarecimento “é à saída do homem de sua menoridade”. Este processo pode ser difícil, pois muitos tutores amedrontam seu público para que este não tente sair da menoridade, mas se for dada a verdadeira liberdade é inevitável que um público se esclareça. Contudo, um público só muito lentamente pode chegar ao esclarecimento. Uma revolução até pode derrubar um poder opressor, porém nunca produzirá a verdadeira reforma do modo de pensar, condição precípua para o esclarecimento geral.
    
      Uso da Razão: uso público – “é aquele que qualquer homem, enquanto sábio, faz da sua razão diante do grande público do mundo letrado”. O esclarecimento só é possível se tiver liberdade de fazer uso público de sua razão em todas as questões.
   
      Uso privado – “é aquele que o sábio pode fazer de sua razão em certo cargo público ou função a ele confiada”. No exercício da função deve-se primeiramente obedecer, mas quando se depara com um público maior deve-se se expressar através de um uso público da razão, expondo suas ideias em seu próprio nome.
     
      É impossível que um grupo comprometa-se a um credo que exerça uma super tutela sobre cada um de seus membros e por meio dela sobre o povo, perpetuando esta tutela. “Uma época não pode se aliar e conjurar para colocar a seguinte em um estado em que se torna impossível para esta ampliar seus conhecimentos purificar-se dos erros e avançar mais no caminho do esclarecimento”. Isto seria um crime à natureza humana que consiste, por sua determinação original, no avanço.
   
    “Todos têm o direito de fazer publicamente, isto é, por meio de obras escritas, seus reparos a possíveis defeitos das instituições vigentes”. Estas permanecem intactas até que sejam analisadas e aceitas (ou não) as críticas. Um homem sem dúvida pode no que respeita à sua pessoa, e mesmo assim só por algum tempo, na parte que lhe incumbe adiar o esclarecimento. “Mas renunciar a ele, quer para si mesmo, quer ainda mais para sua descendência, significa ferir e calcar aos pés os sagrados direitos da humanidade”.
 
    “Vivemos agora em uma época esclarecida? (...) não, vivemos em uma época de esclarecimento”. Falta muito para que os homens possam fazer bom uso do seu entendimento sem serem dirigidos por outrem. O príncipe esclarecido. É aquele que considera como um dever não prescrever nada aos homens, deixando-os livres para utilizarem sua razão em todas as questões da consciência moral, libertando-o da menoridade.
  
    “Raciocinai tanto quanto quiserdes e sobre qualquer coisa que quiserdes; apenas obedecei!”. Para Kant, esta frase revela uma estranha e não esperada marcha das coisas humanas, que, para ele, quase tudo nela é um paradoxo. “Um grau maior de liberdade civil parece vantajoso para a liberdade de espírito do povo e, no entanto estabelece para ela limites intransponíveis; um grau menor daquela dá a esse espaço o ensejo de expandir-se tanto o quanto possa” (Immanuel Kant: Textos Seletos _ 2005).

terça-feira, 1 de junho de 2010

UM OLHA SOBRE A ICONOGRAFIA DE CLÁUDIO PASTRO

       Cláudio Pastro nasceu em São Paulo, em 1948. De sua família herdou uma fé firme, um espírito de ordem, de respeito, de harmonia, de garra e de amor pela verdade. Quanto à sua vocação, a dádiva e o carisma estão na raiz de sua história. Há um fio condutor único em sua vida, com pessoas, nomes e lugares que são protagonistas do espírito que ele mantém vivo.
  
    “Quem procura traços de supérflua beleza só encontrará sinais simples, mas densos de verdade cristã.” Assim, o artista Claudio Pastro define sua arte. Ele sempre abominou o subjetivismo e buscou nos mestres da arte helênica e nos “Padres da Igreja”, o princípio do belo, do bom e do verdadeiro. As figuras pintadas por ele jamais ficam isoladas e ele as contextualiza, colocando-as dentro de acontecimentos da história dos homens.
   
      Mediante sinais e símbolos, não de uma mitologia distante, mas da própria Sagrada Escritura, as imagens que são oriundas deste artista, nos revela a presença de um Deus que age em nosso tempo, de modo que a história dos homens seja também, a história de um Deus encarnado, de um Deus que salva. Por este motivo, as pinturas de Cláudio Pastro não podem ser apenas observadas e analisadas. Elas pedem de nós uma atitude de contemplação.
   
     Para este artista, a arte sacra não é o registro de um fato, mas antes, uma questão de verdade e de identidade da divindade, sinal da presença de Deus. Pastro, como todo artista, pede que não percamos a capacidade de nos maravilhar e, deste modo, não permaneçamos passivos robôs do dia a dia.
   
      A arte de Cláudio Pastro é objetiva, não por sua genialidade, mas porque vem da contemplação diária do Espírito, dentro da Igreja. Há uma sutil brasilidade em seus traços e cores, criando uma arte sacra tropical que considera as nossas raízes. Suas formas, suas cruzes e altares têm o frescor do novo, o “eterno novo”, desde a encarnação do verbo no seio de uma virgem. Para o próprio Cláudio, a arte é uma questão de verdade e de identidade.
   
     Em suma, todo o seu currículo indica-nos uma única e constante linha de trabalho que teve berço e, como que, guiado por uma mão forte, foi conduzido e se deixou conduzir com fidelidade à fé, à criação e à tradição. A imagem é palavra silenciosa e amante. Assim, Pastro transforma a linguagem da Sagrada Escritura em imagens de cores e linhas e as transforma em objeto de oração.



sábado, 10 de abril de 2010

A PATRÍSTICA: O LOGOS PAGÃO EM RELAÇÃO AO PROBLEMA DA ESCOLA DE ALEXANDRIA.


Resumo
Longe de ser obra do demônio, a filosofia grega é, ao contrario, um bem. Para dar prova a este ponto, Clemente não só retorna como também realça e desenvolve a tese do filósofo Justino sobre a função soterológica da Lei mosaica e da filosofia grega. À filosofia antiga (paganismo) coube a tarefa pedagógica de encaminhar os gentios para Cristo () como à antiga, Lei sérvica, para conduzir os judeus a Ele. Portanto, a fé em Cristo, a que agora se pretende restringir o alcance da razão humana, não existiu antes do advento do salvador quando se dispunha apenas da Lei judaica e da filosofia grega.

Palavras-chave: Sujeito. Paganismo. Dogma. Fé.  
1.Introdução

 O presente estudo pretende mostrar quão fundamental foi à filosofia Patrística para o reforço do Cristianismo. O Cristianismo é uma religião essencialmente universal, e a patrística reforça suas estruturas. Trata-se de um fato histórico, onde que, a “Boa Nova” recrutou seus primeiros ouvintes e adeptos, principalmente entre as classes humildes.

O termo paganus no sentido idólatra se afirma somente no século IV d.C. A partir do século II, os apologétas de língua grega costumavam dividir a humanidade em três grupos: gregos; judeus; e cristão isto provinha do fato de que os cristãos não se identificavam nem com a cultura helênica nem com a tradição judaica. O século II é também a idade de ouro dos gnosticismos. É difícil caracterizar em algumas palavras essa importantíssima corrente do pensamento; digamos que se trata contrariamente ao que durante muito tempo se acreditou (Harnack), de um vasto fenômeno religioso de que a heresia cristã que ordinariamente se entende sobre o nome de gnosticismo é apenas uma manifestação particular.

A idéia diretriz é a da salvação pelo conhecimento (gnose) concebido como devendo substituir a fé desde este mundo. O Deus criador imperfeito é distinguido do Deus supremo transcendente; a essa distinção, os gnósticos de cultura cristã superpõem à dualidade do Antigo Testamento, que rejeitam como sendo a carta do Deus criador e do Novo Testamento revelação do Deus de bondade. A adesão excessiva de certos pensadores cristãos às suas especulações muitas vezes fantásticas conduziu a declarar que a filosofia é superior à fé: é a atitude dos gnósticos. 

 Para estes heréticos, a filosofia permite transformar a fé em gnose, isto é em conhecimento superior, que pode ir até a intuição extática de Deus... Os grandes nomes desse gnosticismo são, no século II, os de Marcião, de Basílio, de Valentino (CHATELET, 1997). 

Alguns filósofos têm por costume ratear a filosofia cristã dos primeiros séculos A Patrística em três descomedidos períodos. Donde o primeiro que avança até o século III, é dedicado à defesa da doutrina cristã em contradição aos heréticos. Seja a frase bem conhecida do Timeu, 28: “Descobrir o autor e pai deste universo é um grande feito e, uma vez descoberto, é impossível divulgá-lo a todos”. Ela é freqüentemente citada pelos padres, tais como Atenágoras, Justino, Clemente de A., Orígenes, entre os gregos, Tertuliano e Minúcio Felix entre os latinos.

Retêm dela duas teses: de uma parte a afirmação de que o mundo foi criado por Deus ex nihilo, de outra a idéia da dificuldade que havia em conhecer a Deus antes da vinda de Cristo; alguns, como será mais tarde o caso de Gregório de Nissa, desenvolvem este segundo ponto no sentido da incompreensibilidade para mostrar que Platão se inspirou no Antigo Testamento, mais precisamente, no episodio de Moisés entrando nas trevas em que, Javé se dissimula (Êxodo XIX, 16,25). O segundo período vai do século III até avinhar-se metade do século IV, é caracterizado, sobretudo pela formulação doutrinal das crenças cristãs.

A influência de Orígenes é perceptível nos padres gregos do século IV, que são essencialmente os três capadócios: Gregório Nanziazeno, Basílio de Cesárea, e seu irmão Gregório de Nissa. Os adversários com relação aos quais os capadócios devem se definir não é mais o gnosticismo, mas sim a heresia ariana, representada na segunda metade do século IV, por Eunomio. Esse conflito é importante para a história da filosofia, pois o arianismo apresenta-se como um esforço para racionalizar o dogma cristão, para esvaziar-lhe o mistério, em suma, para condizer, antes de Kant, “A religião dentro dos limites da simples razão”, esse propósito dos arianos repercutia, sobretudo em sua teologia trinitária.

O terceiro período que vai da metade do século V até o fim do século VIII, é caracterizado pela relaboração e pela sistematização das doutrinas já formuladas, bem como pela ausência de formulações originais [1].

A maior parte dos pensadores cristãos encaminhou-se para uma solução conciliadora: reconhecem a primazia da sabedoria divina, mas querem por a filosofia ao serviço desta sabedoria: o seu papel será preparar os espíritos para a fé, defende-la contra os ataques dos pagãos e explicar o conteúdo da revelação. É atitude que se encontra nos padres apologistas (séculos II e III), em Santo Agostinho e também no Pseudo-Dionisio (séculos IV e V).

2. Referencial teórico

2.1. Características da filosofia Patrística.

A priori é denominada como filosofia cristã dos primeiros séculos e caracterizada como o período do pensamento cristão que se seguiu à época neotestamentária; e chega até o começo da escolástica [2]; isto é, os séculos II-VIII da era vulgar. Na época patrística, o saber cristão não tem ainda estrutura determinada; faz lembrar a imagem da nebulosa, em que os grupos estelares não receberam ainda a sua configuração.

O problema de estrutura por-se-á quando filósofos e teólogos de profissão se interrogar sobre o estatuto da sua disciplina e sobre o seu lugar no conjunto do saber. Ora, no período da patrística, não há de modo nenhum profissionais da filosofia, tampouco da teologia: até a escola de Alexandria, que é uma escola de catequese, tem em vista fins mais pastorais e apostólicos do que fins científicos. As doutrinas filosóficas dos padres estão integradas na sua visão do mundo; são utilizadas em obras que dizem mais respeito à teologia.

2.2. O Logos na filosofia pagã.

Embora aparentemente simples em suas grandes linhas, a solução do problema da verdadeira filosofia suscita graves dificuldades:

 “Justino não procurou evitá-las. Se é verdade que só o cristianismo oferece uma solução cabal ao problema filosófico, que opinião se há de ter a respeito dos filósofos anteriores a cristo? Teremos o direito de condená-los por haverem ignorado a revelação? Paulo apelara à Lei inscrita nos corações dos gentios, para condená-los em nome dela. Justino envereda por um caminho diferente, ainda que não diretamente oposto. Os mestres gregos o haviam conduzido ao limiar do cristianismo; por isso não pode animar-se a condená-los ou a preteri-los, pura e simplesmente. No ínterito de assegurar-lhes um lugar no seio do cristianismo, Justino elabora a sua doutrina da participação dos gregos no verbo, ou Cristo, tornando-se assim o fundador do humanismo cristão” (ÉTIENE GILSON, 2000, p.).

 A Posteriore, Justino sentiu-se como que compelido a tal doutrina. Era-lhe impossível negar que na filosofia grega não só se conhecera, mas também se praticara a verdade. Ora, toda a verdade deve está no logos, que “ilumina todo o homem que vem a este mundo”, logo, toda verdade deve ser relacionada ao logos. De outro lado, porém Justino não pode deixar de reconhecer que a verdade dos gregos era ainda imperfeita e fragmentaria.

 No que se refere à filosofia cristã da historia e o humanismo cristão, dir-se-à que Jesus Cristo é o logos. Porquanto, os filósofos antigos participaram dele, pelo que podemos chamar-lhes cristãos anteriores a Cristo. Foi em Alexandria, sede de uma escola de teologia cristã particularmente aberta ao helenismo que os filósofos pagãos, de sua parte mostravam-se mais receptivos à maneira de viver e de pensar dos cristãos; assim o pagão Alexandre de Licópolis compõem um tratado de polemica antimaniqueia no qual se mostra sensível preocupação que os cristãos têm pela pedagogia popular; foi lá também que se formou o filosofo Sinésio de Cirene, que abandonou o neoplatonismo para se converter ao cristianismo e logo se torna bispo, sem por isso renunciar de todos às suas primeiras ideias, que o colocam um pouco à margem da ortodoxia. Vista como ponto de convergência da cultura helenística nos inícios do século III, Alexandria era, sem duvida o lugar mais indicado para a formação de uma escola deste tipo, cultivavam-se ali com raro brilho a filologia e as ciências da natureza.

3. Santo Agostinho Fé e Razão.

Neste estudo o qual se refere à filosofia patrística, farei uma breve inferência à vida de Santo Agostinho; por isso não mencionarei, por ora, senão alguns dados biográficos mais salientes. A fonte principal na qual me servi são as “Confessiones” a autobiografia de Agostinho, e as “Retractationes”.

Nasceu Agostinho a 13 de Novembro de 354 em Tagasta, hoje Souk-Ahras. Filho de pai pagão e mãe cristã, Agostinho era um estudioso cujos princípios de vida estavam solidificados no maniqueísmo fundado por Manes. A filosofia Agostiniana é calcada no neoplatonismo plotiniano e nos princípios platônicos, e aristotélicos indiretamente. Pode-se dizer ainda que, sua empreita filosofal era a de conciliar a fé com a razão. A verdade eterna se descobre através da contemplação da própria alma, reminiscência platônica, ou seja, caminho interior.

Sua conversão ocorre nessa jornada interior, quando recebemos a luz divina em nossas almas (memória, inteligência, vontade), tudo se explica pela fé, ela justifica a si mesma “Creio para entender”. Na pessoa de Agostinho a filosofia patrística e, quiçá, a filosofia cristã como tal atinge seu apogeu. E’ certo que Agostinho não pode ser contado entre os mestres [3] da síntese.

Dir-se-ia que o seu espírito sempre vivo e pujante, empenhado em aceitar o homem a decisões éticas e teoréticas sempre novas, não comporta sequer a idéia de um sistema. Seja como for, a historia no-lo apresenta como a figura que __ conjugando, da maneira mais feliz, o ardor púnico ao espírito helênico e à vontade romana __ iria ser o pioneiro do pensamento cristão, o preceptor dos povos e orientador dos séculos. De sua plenitude irá haurir as gerações de todo um milênio, sem jamais conseguir esgotá-la.

Encerra-se definitivamente a era das perseguições. Todavia, às lutas externas seguem-se, e não menos árduas, as lutas internas. De um lado havia o perigo ariano a reclamar medidas enérgicas; de outro lado, o maniqueísmo com sua metafísica essencialmente anticristã e pagã, continuava ameaçando a própria medula da igreja. E precisamente neste ambiente de renhidas lutas espirituais que se desenrola a vida do grande Doutor da igreja.

Considerações Finais

A patrística é considerada a filosofia cristã elementar centenária de nossa era, contudo o propósito dos cristãos não é intelectual nem teórico, mas referente às verdades religiosas, que são interpretadas, elaboradas, formuladas em dogmas, e este dogma vai se constituindo na esteira da luta em oposição aos numerosos movimentos heréticos, sobretudo o maniqueísmo. Os primeiros séculos são de construção dogmática cristã, e juntamente com a interpretação ortodoxa surgem abundantes heresias, em que o cristianismo se vê, portanto, obrigado a ordenar uma formulação intelectual um dogma, e depois se propõe a uma discussão racional com seus inimigos heréticos.

Os padres não dispõem de um sistema definido e rigoroso, antes conhecem a filosofia grega num litígio em qual são ecléticos: escolhe de todas as escolas pagãs o que lhes pareça mais útil para seu fim. Sua principal fonte é o neoplatonismo, e por meio de tal conhecem Platão de modo pouco preciso e se esforçam por descobrir nele analogias com o cristianismo. O cristianismo não é uma escola de filosofia e não comporta uma filosofia em sentido estrito; mas implica uma filosofia em sentido lato, isto é uma visão do universo, e esta visão é inteiramente nova, pretende dissipar as trevas do paganismo e mesmo as do judaísmo, fechado nos horizontes estreitos de um messianismo terrestre.

Os problemas centrais tratados pela patrística são: A criação; a relação de Deus com o mundo; o mal; a alma; o destino da existência. A filosofia aprovada pelos padres é quase sempre de inspiração platônica, sobre diversas formas e em diferentes graus, a maior parte dos pensadores cristãos desta época sofre a influencia do platonismo. Chegam a utilizar também o estoicismo, mas em menor grau. No que tange às questões teológicas centrais, destaca-se o moralismo. Os moralistas cristãos estabelecem as bases de uma nova ética a partir de conceitos helênicos, porém, as ideias têm características alheias ao pensamento grego.


  BIBLIOGRAFIA
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
CHÂTELET, François. Historia da Filosofia; Ideias, Doutrinas. In. Filosofia Medieval. Tradução de Maria José de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.
BOEHNER PHILOTHEUS e ETIENE GILSON. Historia da filosofia Cristã. Tradução de Raimundo Vier, O.F.M. Petrópolis: Vozes, 2000.
REALE, Giovane e ANTISERE, Dario. Historia da filosofia. São Paulo: Paulus, 1990.
CONTALDO, Silva Maria de. Historia da Filosofia Medieval. Instituto Santo Tomás de Aquino (ISTA). In. Curso de Filosofia. Brasília, DF, 2003. (compilação elaborada pela professora Silvia Maria de Contaldo, leciona atualmente no ISTA).



[1]-Citação de (ABBAGNANO, 1998. Com apêndices do autor).
[2]-O termo escolástico poderia dar a impressão que o período assim denominado nos defronta com uma filosofia rigosamente demarcada. Tal impressão não corresponde à realidade. Por certo, enquanto parte da filosofia cristã, a escolástica se atém a priori a certos princípios indiscutíveis, dos quais nenhum escolástico ousa duvidar. Dentro deste amplo molde, porém há espaços para uma variedade de correntes sem paralelo em toda a historia da filosofia.
[3]-Referente aos mestres do Ocidente.

O MITO


       Este resumo traz como objetivo apresentar algumas características sobre o mito, o que é como e porque utilizar. E finalmente, fazendo algumas considerações acerca de sua utilização.

       Falar em mito é considerar um símbolo desdobrado pela língua que relata uma cadeia ou série de fatos que tiveram lugar no marco da origem, uma instância que é estranha ao deslocamento interno ou externo da sucessão e do movimento temporal. (O mito, Aspecto incomuns do sagrado; Mito e a linguagem)

       O mito é uma narrativa de significação simbólica, transmitida de geração em geração dentro de determinado grupo e considerada verdadeira por ele. O conhecimento mítico é o saber que a pessoa recebe pela fé, pela confiança que tem em alguma força ou pessoa superior a ela. Nele se fundamenta a religião e a cultura. Aceitam-se as afirmações sem discuti-las ou questioná-las, pela crença no transmissor da mensagem. Esse conhecimento não requer maiores provas intelectuais e vai desde as ingênuas explicações ou simples esclarecimentos de um ministro religioso ou benzedor popular sobre eventos particulares (por exemplo: os raios são a ira de Deus; a AIDS é castigo...) até as complexas teorias sobre os mistérios do cosmo elaboradas pelos grandes sistemas místico-religiosos.

       Segundo o antropólogo Anglo polaco B. Malinowske, “O mito em uma sociedade primitiva, isto é, em sua forma viva original, não é simplesmente a narração de um conto, mas uma realidade que vive. Não pertence ao gênero de fatos inventados que temos em nossas novelas, mas é uma realidade viva que se crê acontecida nos tempos primordiais e influentes a partir de então sem cessar sobre o mundo e sobre o destino dos homens”.

      O homem arcaico não ver o mito como elemento falsário, antes como forma de entender a realidade, na qual procura explicar os principais acontecimentos da vida, os fenômenos naturais, as origens do mundo e do homem.

     Contudo, o homem pós-moderno tem a concepção de mito como relatos de fatos fantastico-poeticas que foram produzidos em um tempo primordial, portanto, história verdadeira e fidedigna, e não fabulação fantástica, tampouco relação vinculada com fatos que aconteceram, porém que ocultamente persistem.