Artigos. (23)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

RESPOSTA À PERGUNTA : QUE É “ESCLARECIMENTO”? (AUFKLÄRUNG)

       Este artigo tem como objetivo apresentar em síntese algumas características sobre o que se entende por Aufklärung, e o que diz um dos pensadores mais influêntes dos que se destacaram na época moderna,  sendo este, o filosofo Immanuel Kant ou Emanuel Kant que nasceu em Königsberg, cidade da Prússia a 22 de Abril de 1724 e viera a falecer na mesma cidade Königsberg, no dia  12 de Fevereiro de 1804, foi ele um filósofo alemão, geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna, e indiscutivelmente um dos seus pensadores mais influentes.
   
     Foi Kant quem realizou na filosofia uma revolução, que ele próprio equiparou, em virtude de sua radicalidade, à revolução realizada por Copérnico na astronomia. Considerado um dos principais pensadores iluministas, desenvolveu alguns conceitos de razão, liberdade, disciplina e autonomia do indivíduo. O Iluminismo propõe uma nova forma de apreensão da realidade, a partir da razão e autonomia do indivíduo.
     
      No tocante ao seu texto clássico, Resposta à pergunta: “Que é Esclarecimento”? (Aufklärung). Inicia por definir o que é a Menoridade, diz ele: “é a incapacidade do homem em fazer uso do seu entendimento sem a direção de outro indivíduo”. O homem é culpado de estar neste estado de menoridade, escolhe ficar sob a tutela de outros por covardia e preguiça.
    
      Esclarecimento “é à saída do homem de sua menoridade”. Este processo pode ser difícil, pois muitos tutores amedrontam seu público para que este não tente sair da menoridade, mas se for dada a verdadeira liberdade é inevitável que um público se esclareça. Contudo, um público só muito lentamente pode chegar ao esclarecimento. Uma revolução até pode derrubar um poder opressor, porém nunca produzirá a verdadeira reforma do modo de pensar, condição precípua para o esclarecimento geral.
    
      Uso da Razão: uso público – “é aquele que qualquer homem, enquanto sábio, faz da sua razão diante do grande público do mundo letrado”. O esclarecimento só é possível se tiver liberdade de fazer uso público de sua razão em todas as questões.
   
      Uso privado – “é aquele que o sábio pode fazer de sua razão em certo cargo público ou função a ele confiada”. No exercício da função deve-se primeiramente obedecer, mas quando se depara com um público maior deve-se se expressar através de um uso público da razão, expondo suas ideias em seu próprio nome.
     
      É impossível que um grupo comprometa-se a um credo que exerça uma super tutela sobre cada um de seus membros e por meio dela sobre o povo, perpetuando esta tutela. “Uma época não pode se aliar e conjurar para colocar a seguinte em um estado em que se torna impossível para esta ampliar seus conhecimentos purificar-se dos erros e avançar mais no caminho do esclarecimento”. Isto seria um crime à natureza humana que consiste, por sua determinação original, no avanço.
   
    “Todos têm o direito de fazer publicamente, isto é, por meio de obras escritas, seus reparos a possíveis defeitos das instituições vigentes”. Estas permanecem intactas até que sejam analisadas e aceitas (ou não) as críticas. Um homem sem dúvida pode no que respeita à sua pessoa, e mesmo assim só por algum tempo, na parte que lhe incumbe adiar o esclarecimento. “Mas renunciar a ele, quer para si mesmo, quer ainda mais para sua descendência, significa ferir e calcar aos pés os sagrados direitos da humanidade”.
 
    “Vivemos agora em uma época esclarecida? (...) não, vivemos em uma época de esclarecimento”. Falta muito para que os homens possam fazer bom uso do seu entendimento sem serem dirigidos por outrem. O príncipe esclarecido. É aquele que considera como um dever não prescrever nada aos homens, deixando-os livres para utilizarem sua razão em todas as questões da consciência moral, libertando-o da menoridade.
  
    “Raciocinai tanto quanto quiserdes e sobre qualquer coisa que quiserdes; apenas obedecei!”. Para Kant, esta frase revela uma estranha e não esperada marcha das coisas humanas, que, para ele, quase tudo nela é um paradoxo. “Um grau maior de liberdade civil parece vantajoso para a liberdade de espírito do povo e, no entanto estabelece para ela limites intransponíveis; um grau menor daquela dá a esse espaço o ensejo de expandir-se tanto o quanto possa” (Immanuel Kant: Textos Seletos _ 2005).

terça-feira, 1 de junho de 2010

UM OLHA SOBRE A ICONOGRAFIA DE CLÁUDIO PASTRO

       Cláudio Pastro nasceu em São Paulo, em 1948. De sua família herdou uma fé firme, um espírito de ordem, de respeito, de harmonia, de garra e de amor pela verdade. Quanto à sua vocação, a dádiva e o carisma estão na raiz de sua história. Há um fio condutor único em sua vida, com pessoas, nomes e lugares que são protagonistas do espírito que ele mantém vivo.
  
    “Quem procura traços de supérflua beleza só encontrará sinais simples, mas densos de verdade cristã.” Assim, o artista Claudio Pastro define sua arte. Ele sempre abominou o subjetivismo e buscou nos mestres da arte helênica e nos “Padres da Igreja”, o princípio do belo, do bom e do verdadeiro. As figuras pintadas por ele jamais ficam isoladas e ele as contextualiza, colocando-as dentro de acontecimentos da história dos homens.
   
      Mediante sinais e símbolos, não de uma mitologia distante, mas da própria Sagrada Escritura, as imagens que são oriundas deste artista, nos revela a presença de um Deus que age em nosso tempo, de modo que a história dos homens seja também, a história de um Deus encarnado, de um Deus que salva. Por este motivo, as pinturas de Cláudio Pastro não podem ser apenas observadas e analisadas. Elas pedem de nós uma atitude de contemplação.
   
     Para este artista, a arte sacra não é o registro de um fato, mas antes, uma questão de verdade e de identidade da divindade, sinal da presença de Deus. Pastro, como todo artista, pede que não percamos a capacidade de nos maravilhar e, deste modo, não permaneçamos passivos robôs do dia a dia.
   
      A arte de Cláudio Pastro é objetiva, não por sua genialidade, mas porque vem da contemplação diária do Espírito, dentro da Igreja. Há uma sutil brasilidade em seus traços e cores, criando uma arte sacra tropical que considera as nossas raízes. Suas formas, suas cruzes e altares têm o frescor do novo, o “eterno novo”, desde a encarnação do verbo no seio de uma virgem. Para o próprio Cláudio, a arte é uma questão de verdade e de identidade.
   
     Em suma, todo o seu currículo indica-nos uma única e constante linha de trabalho que teve berço e, como que, guiado por uma mão forte, foi conduzido e se deixou conduzir com fidelidade à fé, à criação e à tradição. A imagem é palavra silenciosa e amante. Assim, Pastro transforma a linguagem da Sagrada Escritura em imagens de cores e linhas e as transforma em objeto de oração.