Kant (1724 - 1804) nasceu em Königsberg, na Prússia Oriental (Alemanha). Durante toda sua vida jamais se afastou de sua cidade natal.
Estudou na Universidade de Königsberg, começando com teologia, mas, por fim, firmou-se na filosofia. Depois de passar um tempo como tutor particular dos filhos das famílias aristocráticas de sua região, assumiu o cargo de preletor de filosofia em 1755.
Em 1770 foi promovido à cátedra de lógica e metafísica e permaneceu com esse cargo até o fim de sua vida.
FILOSOFIA CRÍTICA
O problema crítico fora discutido antes por Locke e o caminho das ideias chegou até Hume que propôs seu ceticismo empírico:
a) não há verdades sintéticas a priori a respeito do mundoexterior;
b) qualquer conhecimento genuíno desse mundo deve ser derivado da experiência perceptual; c) apenas inferências dedutivas são válidas.
O ceticismo humeano despertou reações de incredulidade e, no plano puramente argumentativo, não houve uma boa resposta ao seu ceticismo, pelo menos até a primeira metade do século XX.
Diante do desafio cético, Kant realiza o que ele próprio batizou de Revolução Copernicana:
Ao invés de tentar explicar os conceitos em função da experiência, dedicou-se a explicar a experiência em função dos conceitos.
Kant conseguiu, portanto, o equilíbrio entre a posição extrema do empirismo britânico, de um lado, e os princípios inatos do racionalismos cartesiano, por outro.
O conhecimento, de fato, surge da experiência. Entretanto, devemos distinguir entre o que realmente produz o conhecimento e a forma que tal conhecimento adquire.
Dessa forma, embora o conhecimento surja da experiência, não deriva exclusivamente dela.
Embora Kant não tenha, expressamente, afirmado em sua filosofia, pode-se dizer que são princípios inatos no sentido cartesiano, tanto a forma a qual o conhecimento adquire, quanto os princípios de organização que transformam em conhecimento as matérias-primas da experiência.
CATEGORIAS: Conceitos gerais de razão.
As categorias transformam a experiência em conhecimento.
As categorias estão ligadas à forma das proposições, quais sejam:
a) analíticas – contém o predicado no sujeito. Ex.: “todo corpo tem extensão”. “o triângulo tem três lados” etc.
b) sintéticas – une dois conceitos. Ex.: “todos os corpos têm peso”. A noção de ser um corpo não inclui, em si mesma, a de ser peso. Portanto, pode ser negada sem autocontradição.
Unido ao modo de distinguir as proposições está o seguinte critério de classificação:
a) a priori – ao conhecimento que, em princípio, independe da experiência;
b) a posteriori – todo conhecimento que deriva da experiência.
O analítico é coextensivo com o a priori e o sintético com o a posteriori.
É fácil admitir o primeiro, mas Kant insiste em reafirmar o segundo como uma possibilidade real.
Para Kant, as proposições da matemática, por exemplo, são sintéticas a priori.
PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE
A causalidade é um princípio sintético a priori, ou uma categoria do entendimento.
►sintético – podemos negá-lo sem incorrer em autocontradição verbal;
►a priori – sem ele o conhecimento é considerado impossível.
Sem as categorias do entendimento (todas, como a matemática, tidas como sintéticas a priori) é impossível ter qualquer experiência comunicável. Antes das impressões tornarem-se conhecimento, devem ser organizadas ou unificadas pelo entendimento.
CATEGORIAS KANTIANAS:
Quantidade: unidade, pluralidade e totalidade;
Qualidade: realidade, negação e limitação;
Relação: substância e acidente, causalidade e efeito, e reciprocidade;
Modalidade: possibilidade – impossibilidade, existência – não existência e necessidade – contingência.
É importante que se distinga entendimento de razão. Em poucas palavras, a razão une os homens, já o entendimento (inteligência ativa) os separa.
UNIDADE DE APERCEPÇÃO
A obtenção de experiências formuladas em juízos são possíveis apenas porque as impressões estão em continuidade com as categorias.
Tanto os sentidos quanto as categorias interveem na construção do conhecimento. É impossível ter qualquer tipo de experiência que não seja construída por meio da estrutura das categorias.
Não é possível, portanto, como Hume admite, a experiência pura enquanto mera e passiva absorção de impressões.
ESPAÇO E TEMPO
São formas a priori, que pertencem à pura intuição dos sentidos internos (tempo) e externos (espaço).
Sem essas formas a priori a experiência é impossível. Sendo assim, estão em consonância com as categorias do entendimento. O que significa dizer que a experiência é moldada por conceitos a priori.
Entretanto, o que dá origem à experiência também é condicionado por coisas alheias à mente: a coisa-em-si ou o noumenum.
A coisa-em-si é o que se contrasta com a fenômeno.
A impossibilidade de se experimentar a coisa-em-si está no fato de que toda experiência ocorre com a concorrência do espaço, do tempo e das categorias, isto é, dentro da rede de conceitos a priori que operam dentro do entendimento.
A coisa-em-si está fora do espaço e do tempo.
Toda essa estrutura, segundo Kant, evita o ceticismo e garante um espaço intersubjetivo do conhecimento.
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